Não espere muito, amigo
Desse texto mal’amanhado
Pois com ele falo e digo
Versos tortos, mal rimados
O português e o espanhol
São idiomas parecidos
Cada um com seu cada qual
São os dois muito bonitos
Mas fique bem esperto
Você que se diz aprendiz
Pois a forma que se escreve
Não é a mesma que se diz
O “erre” soa distinto
O “jota” bem diferente
O “Ge” não é parecido
Mas com ele escrevemos gente
Digo sempre ao aprendiz
Como melhor pronunciar
As letras Z, R e X
E o V, J e H
Caminhar por essas línguas
As vezes causa enganos
Não é tão fácil quanto parece
Assim pensam muitos fulanos
Na estrada a percorrer
Há vocábulo parecido
E são muito
traiçoeiros
Que o melhor é ser sabido
Não deixar se enganar
Do contrário, estás perdido
O primeiro que apresento
Se chamará falso amigo
Também
heterosemântico
É um verdadeiro inimigo
Se falando português
Eu disser sou “esquisito”
Me chamariam de feio
Parecido com mosquito
Se eu falo espanhol
Esquisito é coisa boa
Troço raro e gostoso
Não se encontra assim à
toa
Já falando em português
Ser mecânico é uma sina
Vê o carro do freguês
E o leva a oficina
Na oficina já não pode
O mecânico trabalhar
Se o idioma espanhol
Essa pessoa falar
Pois na linguagem hispânica
Esse lugar é dedicado
Ao cara de muito estudo
Seu doutor, advogado
Executivo, empresário
Com seu salário abastado
Agora escute essa
Com bastante atenção
Falo como professora
Essa é minha profissão
Imagine que um dia
Em minha santa ignorância
Fiz pergunta indecente
Sem mal tento ou arrogância
Conto-lhe o que passou
Pra se caso algum dia
Você estudar espanhol
Não passar tal agonia
Perguntei ao estudante
Que lugar preferiria
Pra morar e trabalhar
Pra viver a cada dia
Para dar uma opção
Disse Cidade, chácara e mar
Logo tive a atenção
Se puseram a me olhar
Já com a cara assustada
Perguntei bem prontamente
Disse alguma coisa errada?
Falem muito claramente
E com uma certa demora
Tive a resposta esperada
Disseram: em chácara não se mora
É demasiado apertada
Bem melhor esclareceram
A palavra em discussão
É parte do corpo humano
Como olhos, nariz e mão
Mas agora me perdoe
A resposta eu não vou dar
Busque logo um dicionário
Falsos amigos é o que há
Ainda tem o tal de tom
A pronúncia e o acento
A cadência e o som
Ah meu deus, que sofrimento
Cérebro, álcool, academia
São tão fáceis de
escrever
Mas assim como democracia
São diferentes no
dizer
Imagine o acento agudo
O til e o circunflexo
Todos juntos numa frase
Qualquer um fica perplexo
Diga agora sem dar nó:
A avó e o avô do Curió
São gente de bom coração
Bem como a mãe, a tia e o irmão
Ah, mas assim são os idiomas
Sempre trazem tanta beleza
Com seus pontos, virgulas ou comas
São de extrema riqueza
Algumas coisas importantes
Não podemos esquecer
Vale a pena estudar
Horizontes estender
Pois estudar uma língua
Faz crescer e aprender
Além disso tem cultura
Costumes, curiosidade
Vão além da estrutura
Do status ou da idade
Tem a tal literatura
Traz prazer, criticidade
Vou agora terminar
Essa escrita tão errante
Só lembrando que eu sou
Professora
e Estudante
Por isso lhe agradeço
A espera e paciência
Essa honra não mereço
Nem tamanha sapiência
De contar com gente nobre
Não sei se rica ou se
pobre
Mas de grande inteligência
FIM
Viviane Mattus
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