13 fevereiro, 2011

Vida (quase) doce

Viviane Mattus

Toda beira é final de dois

eu deixo tudo sempre pra fazer mais tarde

e assim eu caminho no tempo que bem entender

afinal faz parte de mim ser assim.

mais um pouco e vai dar sinal

brinco de esconder
caminho de fé
não vou mais só no que a vida me traz

vida que é doce levar o caminho é de fé

diga que eu não vou

onde você for vida me leva

e todo sentimento me carrega

quem no balanço do mar caminha num baque só

quem no balanço do mar caminha num baque só

vida que é doce levar avisa de lá que eu já sei

todo balanço que dá neste navegar naveguei.


M. Camelo 

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Quem sou eu

É necessário agora que eu diga que espécie de homem sou. Meu nome, não importa, nem qualquer outro pormenor exterior meu próprio. Devo falar de meu caráter. A constituição inteira de meu espírito é de hesitação e de dúvida. Nada é ou pode ser positivo para mim; todas as coisas oscilam em torno de mim, e, com elas, uma incerteza para comigo mesmo. Tudo para mim é incoerência e mudança. Tudo é mistério e tudo está cheio de significado. Todas as coisas são 'desconhecidas', simbólicas do Desconhecido. Em conseqüência, o horror, o mistério, o medo por demais inteligente. Pelas minhas próprias tendências naturais, pelo ambiente que me cercou a infância, pela influência dos estudos realizados sob o impulso delas (dessas mesmas tendências), por tudo isto meu caráter é da espécie interiorizada, concentrada, muda, não auto-suficiente, mas perdida em si mesma. Toda a minha vida tem sido de passividade e de sonho". Fernando Pessoa (1888-1935)