Nesse fim de semana foi realizado no Cipó, comunidade pentecostense,
uma Formação em Aprendizagem Cooperativa promovida pelo Programa de Educação em
Células Cooperativas- PRECE. Participar desse encontro motivou a criação desse texto que nasce de minhas observações discretas e
silenciosas. Aqui vocês não encontrarão castelos, príncípes e
princesas, ou dragões. Não. Essa é uma história real contada sob a perspectiva
ingênua mas verdadeira de alguém que não cansa de se surpreender com essa
narrativa sem fim.
Era uma vez o sertão, um juazeiro e sete amigos e suas esperanças.
Quando chego ao Cipó e me deparo com alguns dos personagens que iniciaram a tragetória do
PRECE, fico me perguntando se eles tem
consciência do furdunço que causaram em nossas vidas. Será que eles sabem que cada um de nós,
herdeiros de suas dores e esperanças, carregamos um pedacinho deles dentro de
nós? Começar uma história como essa não é fácil. É necessário esperar
pacientemente que a semente vingue e dê seus frutos. Em 1994 o contexto
educacional não era, nem de longe, favorável para esses sete jovens estudantes. Mas eles
iniciaram, mesmo sem ter ideia alguma de
onde isso iria dar, uma revolução que chegaria às comunidades vizinhas, às
escolas públicas e à Universidade.
Era uma vez um município castigado pelo descaso político, uma
casa de fazer farinha e alguns estudantes e suas esperanças. Em 2003, jovens inquietos
com suas próprias histórias colheram um pouco dos frutos que já nascera no sertão
e iniciaram uma modesta revolução no município de Pentecoste. Numa terra onde
somente os priviegiados tinham acesso à Universidade Pública, esses estudantes
quebraram o velho e doente paradgma que castigava nossos jovens. Agora o filho
do agricultor, do comerciante e do pescador
também tinha acesso ao ensino superior público e gratuito.
Era uma vez Apuiarés, Canafístula, Ombreira, Estrela D’Alva,
Malhada, Providência, Minguá, Serrota, Núcleo G, Fortaleza, Quixadá. Era também as Escolas Populares Cooperativas (EPCs), Estudante Ativo e Estudante
Cooperativo, Movimento em defesa da escola pública, Aprendizagem Cooperativa
UFC (COFAC), Agência de desenvolvimento local (ADEL) etc.
É difícil mensurar o
quanto aquele primeiro passo dado em 1994 revolucionou várias vidas fadadas ao
descaso. Vendo os mais de 150 jovens que se encontravam no Cipó nesse fim de
semana fiquei a refletir sobre a importância que cada um pode exercer em suas
comunidades. Eles acordaram com o primeiro cantar do galo, enfrentaram uma
longa viagem nos desconfortáveis bancos do velho pau-de-arara e resistiram a
mais de doze horas de intenso trabalho de formação. Por que? Vou arriscar: por
tudo que já aconteceu nos últimos 16 anos e por tudo que ainda está por vir. Por
que eles acreditam em alguma coisa parecida com justiça, empoderamento e
mudança. Por que inclusive seus sonhos individuais são coletivos. Acredito que não seja mais possível deter essa
avalanche que resistiu a tantos anos de luta. Suas raízes já estão profundas
e tendem a sustentar por muito tempo essa pequena revolução.
Se ainda merecemos receber alguma benção, será a de prosseguir.
Se ainda merecemos receber alguma benção, será a de prosseguir.
Era uma vez, e ainda será, muitos estudantes, suas comunidades e corações carregados de esperança!
Por Viviane Matos
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