14 março, 2011

Injuriado (1998)



Se eu só lhe fizesse o bem

Talvez fosse um vício a mais

Você me teria desprezo por fim
Porém não fui tão imprudente
E agora não há francamente
Motivo pra você me injuriar assim

Dinheiro não lhe emprestei

Favores nunca lhe fiz

Não alimentei o seu gênio ruim
Você nada está me devendo
Por isso, meu bem, não entendo
Porque anda agora falando de mim


Chico queria mais um samba para completar o álbum, que já tinha onze faixas. Pensou em gravar "Dura na queda", mas achou que não se encaixava nas características que o disco vinha tomando. Cogitou até em cabtar música de outros compositores, como Geraldo Pereira, e finalmente decidiu ele mesmo fazer um samba como aqueles que fazia no início de carreira, "pra ser cantado com cerveja em mesa de bar". Essa é a história simples e prosaica da canção. 
Trecho do livro Chico Buarque, de Wagner Homem 

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Quem sou eu

É necessário agora que eu diga que espécie de homem sou. Meu nome, não importa, nem qualquer outro pormenor exterior meu próprio. Devo falar de meu caráter. A constituição inteira de meu espírito é de hesitação e de dúvida. Nada é ou pode ser positivo para mim; todas as coisas oscilam em torno de mim, e, com elas, uma incerteza para comigo mesmo. Tudo para mim é incoerência e mudança. Tudo é mistério e tudo está cheio de significado. Todas as coisas são 'desconhecidas', simbólicas do Desconhecido. Em conseqüência, o horror, o mistério, o medo por demais inteligente. Pelas minhas próprias tendências naturais, pelo ambiente que me cercou a infância, pela influência dos estudos realizados sob o impulso delas (dessas mesmas tendências), por tudo isto meu caráter é da espécie interiorizada, concentrada, muda, não auto-suficiente, mas perdida em si mesma. Toda a minha vida tem sido de passividade e de sonho". Fernando Pessoa (1888-1935)