20 agosto, 2011

Uma sincera petição


E se eu quiser chorar? _ Que o choro não afogue meu sorriso, ainda que na adversidade.
E se o barulho for alto? _Que eu tenha a delicadeza de escutar uma canção que me traga comoção e alívio.
E se o silêncio for negro?_ Que eu recorra às boas lembranças, que elas não se percam jamais.
E quando a dúvida chegar?_ Que eu saiba aproveitar os benefícios da dúvida. Não preciso ter certeza sempre. 
E se houver gratidão? _ Que eu demonstre imediatamente.
E se houver rancor? _ Que eu demonstre e ofereça uma saída. 
E o medo? _ Que eu tenha humildade para pedir que segure minha mão enquanto o temor passa. 
E a alegria? _ Claro, que eu compartilhe. 
 __Quando possível, que eu consiga me fazer de doida para aliviar as cargas do caminho, que eu tenha amnésia voluntária. Não menos importante, que eu também tenha coisas boas para oferecer e que a oferta leve uma certa paz aos corações. Amém. 



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Quem sou eu

É necessário agora que eu diga que espécie de homem sou. Meu nome, não importa, nem qualquer outro pormenor exterior meu próprio. Devo falar de meu caráter. A constituição inteira de meu espírito é de hesitação e de dúvida. Nada é ou pode ser positivo para mim; todas as coisas oscilam em torno de mim, e, com elas, uma incerteza para comigo mesmo. Tudo para mim é incoerência e mudança. Tudo é mistério e tudo está cheio de significado. Todas as coisas são 'desconhecidas', simbólicas do Desconhecido. Em conseqüência, o horror, o mistério, o medo por demais inteligente. Pelas minhas próprias tendências naturais, pelo ambiente que me cercou a infância, pela influência dos estudos realizados sob o impulso delas (dessas mesmas tendências), por tudo isto meu caráter é da espécie interiorizada, concentrada, muda, não auto-suficiente, mas perdida em si mesma. Toda a minha vida tem sido de passividade e de sonho". Fernando Pessoa (1888-1935)