19 maio, 2011

Pentecoste: universitário da UFC relata as dificuldades enfrenteadas com falta de transporte

Olá, amigos! Peço licença para lhes apresentar esses guerreiros das "brenhas" do Ceará. Trata-se de estudantes universitários que tem a árdua (e doce) tarefa de retornar às suas comunidades de origem para colaborar com o desenvolvimento local.  No entanto, esse retorno tem sido dificultado por alguns motivos. Veja abaixo.

Mais uma vez a história de luta, dedicação e perseverança, se repete, eu e meus colegas precistas enfrentamos mais um obstáculo na luta pela educação e desenvolvimento da nossa comunidade. No dia 15 de abril de 2011, voltando para Pentecoste, no final de semana, tivemos que enfrentar uma árdua caminhada a pé, em plena 12 h da noite. Foram, aproximadamente, 4 km levando conosco nossas bolsas e materiais didáticos que nos auxiliariam na orientação dos estudos com os estudantes que nos aguardam aos fins de semana. Uma forte chuva acontecera, ocasionando a abertura de um buraco enorme na estrada de Capivara, a que dá acesso às nossas comunidades. Para nós a vida é uma luta diária, pois além de termos uma semana cansativa, tivemos que enfrentar o peso das bolsas e livros e muita lama. Era difícil caminhar, pois o cansaço era grande. Mas com o cooperativismo dos colegas e sabendo da importância das nossas atividades para nossos conterrâneos, conseguimos caminhar de Capivara até a comunidade de Tamarina, precisamente, à parede do açude da fazenda Antonio Carneiro onde lá estava um carro a nossa espera. Com amor e dedicação temos superado estradas esburacadas, muita lama e muito cansaço, mas conseguimos chegar as nossas comunidades e desenvolvemos nossas atividades. Logo na semana seguinte, a situação foi ainda mais complicada, pois tivemos que enfrentar, além das fortes chuvas e estradas péssimas, os riachos cheios. Tivemos mais uma vez outra longa e árdua caminhada; essa, porque os riachos encheram e transbordaram, impossibilitando o carro no qual vínhamos passar para nos deixar no micro-ônibus que ficara em outra comunidade por não conseguir passar, devido aos buracos na estrada. Além de tudo isso, estávamos com a preocupação de não perder o micro-ônibus. Contudo, conseguimos a moto de um amigo e um colega foi me deixar até outro riacho que estava cheio não nos permitindo atravessar, então deste ponto, caminhei até o microônibus e pedi que esperassem o resto do grupo, que veio a pé. O motorista e outros companheiros compreenderam a situação dos que caminhavam e ficaram esperando até 21h quando o grupo chegou. Vale ressaltar que tínhamos saído de nossas casas mais ou menos às 16h. Apesar do sofrimento, ficamos satisfeitos de termos conseguido viajar para Fortaleza para a jornada de estudos universitários durante a semana, mas por outro lado, sensibilizados, lembrando dos companheiros da EPC Canafístula que não conseguiram passar os riachos e voltaram para casa, vindo a Fortaleza somente no outro dia.


                                                                      Por Antonio Vanklane Rodrigues de Almeida

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Quem sou eu

É necessário agora que eu diga que espécie de homem sou. Meu nome, não importa, nem qualquer outro pormenor exterior meu próprio. Devo falar de meu caráter. A constituição inteira de meu espírito é de hesitação e de dúvida. Nada é ou pode ser positivo para mim; todas as coisas oscilam em torno de mim, e, com elas, uma incerteza para comigo mesmo. Tudo para mim é incoerência e mudança. Tudo é mistério e tudo está cheio de significado. Todas as coisas são 'desconhecidas', simbólicas do Desconhecido. Em conseqüência, o horror, o mistério, o medo por demais inteligente. Pelas minhas próprias tendências naturais, pelo ambiente que me cercou a infância, pela influência dos estudos realizados sob o impulso delas (dessas mesmas tendências), por tudo isto meu caráter é da espécie interiorizada, concentrada, muda, não auto-suficiente, mas perdida em si mesma. Toda a minha vida tem sido de passividade e de sonho". Fernando Pessoa (1888-1935)